sexta-feira, 18 de maio de 2018

Tempo para a poesia XXXIII



Primavera

Evapora-se a noite grávida
de sombras cativas na escuridão
que fugira da serra com vida
acordando as flores por condão

o leve amanhecer do sol era o farol
no novo falar da nova manhã
em que os galhos das árvores com sede de sol
choravam comovidos de uma forma pagã

no curvo beiral da Primavera
os xistos esmagados pelo céu azul
cercados de humidade antiga e hera
brilhavam nas encostas viradas a sul

no mundo da serra os recortes verdejantes
juntaram nessa manhã toda a passarada
a cantar poemas reciclados mutantes
e velhos como o tempo em desgarrada

toda a vida carregava mais vida
e cada vida trazia mais pujança
na servidão de uma palavra consumida
na Primavera que é sinónimo de esperança

Jaime Lopes in Barco de Memórias

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