quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Bibliotecas por Eugénio Lisboa

Sonhei, desde muito novo, com bibliotecas: as que pudesse visitar e as que eu próprio viesse a possuir. As paredes de uma sala, cobertas de estantes carregadas de livros, pareciam-me o suco da barbatana, em matéria de decoração. Adorava ler livros e adorava ter livros. Aí pelos meus 15 anos, tive finalmente a minha biblioteca, quando um generoso amigo e colega do meu pai me ofereceu um belo acervo de cerca de cem livros e uma pequena estante para lá os acomodar. Era pequena, mas boa: livros de ficção. De história, de filosofia, de teatro, de poesia… de ciência. Fiquei deliciado e não havia dia em que não lesse um pedacinho daquela excelente colecção. Os melhores escritores do mundo, ali, em concentrado. Depois, aquela pequena biblioteca foi crescendo, à medida que crescia o meu poder de compra. E foi também crescendo, em desproporção do meu poder de ler tudo aquilo que comprava. Fui tendo, por assim dizer, uma biblioteca em expansão, como são todas as verdadeiras bibliotecas, e conheci, de caminho várias bibliotecas públicas e privadas, em vários países.

As bibliotecas são, como se sabe, bons lugares para consulta, leitura e empréstimo de livros (e, hoje em dia, de livros em vários suportes, além de discos com música, DVD’s, etc.) mas as bibliotecas não servem apenas para o ato nobre de ler ou consultar: têm outras inesperadas serventias (…)”

Excerto do texto “Bibliotecas” de Eugénio Lisboa
in Jornal de Letras, Artes e Ideias nº 1224 (30.08.2017), p. 33

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