quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Novidade na Biblioteca: Os anagramas de Varsóvia de Richard Zimler


Um romance policial arrepiante e soberbamente escrito passado no gueto judaico de Varsóvia. Narrado por um homem que por todas as razões devia estar morto e que pode estar a mentir sobre a sua identidade… No Outono de 1940, os nazis encerraram quatrocentos mil judeus numa pequena área da capital da Polónia, criando uma ilha urbana cortada do mundo exterior. Erik Cohen, um velho psiquiatra, é forçado a mudar-se para um minúsculo apartamento com a sobrinha e o seu adorado sobrinho-neto de nove anos, Adam.

Num dia de frio cortante, Adam desaparece. Na manhã seguinte, o seu corpo é descoberto na vedação de arame farpado que rodeia o gueto. Uma das pernas do rapaz foi cortada e um pequeno pedaço de cordel deixado na sua boca. Por que razão terá o cadáver sido profanado? Erik luta contra a sua raiva avassaladora e o seu desespero jurando descobrir o assassino do sobrinho para vingar a sua morte. Um amigo de infância, Izzy, cuja coragem e sentido de humor impedem Erik de perder a confiança, junta-se-lhe nessa busca perigosa e desesperada. Em breve outro cadáver aparece - desta vez o de uma rapariga, a quem foi cortada uma das mãos. As provas começam a apontar para um traidor judeu que atrai crianças para a morte.

Neste thriller histórico profundamente comovente e sombrio, Erik e Izzy levam o leitor até aos recantos mais proibidos de Varsóvia e aos mais heróicos recantos do coração humano.

Fonte: contra capa do livro


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terça-feira, 11 de novembro de 2014

O mês de Outubro


Amigos de Ler” é um clube de leitores livres e apaixonados pelas suas leituras, que se reúnem mensalmente na Biblioteca Municipal de Arganil.
No passado mês de Outubro falou-se precisamente sobre Outubro e sobre o que esta palavra trás à memória.
A amiga e escritora Drª Leonarda Tavares, apesar de não ter comparecido partilhou o seu testemunho “o mês de Outubro” que foi lido no serão do dia 13 de Outubro e que agora partilhamos no blog.

O Mês de Outubro

Viciados num quotidiano de banalidades passamos pelos dias sem nos apercebermos ou compreendermos o significado de tantas pequenas coisas que são a vida, a nossa caminhada pelo mundo.

O grupo que tem vindo a encontrar-se, regularmente, na biblioteca, decidiu refletir, na próxima tertúlia, sobre outubro.

Aparentemente é apenas o décimo mês do ano no calendário gregoriano, tendo a duração de trinta e um dias. Deve o seu nome à palavra latina octo (oito), dado que era o oitavo mês do calendário romano, que começava em março.

Medimos o tempo. Dividimo-lo em anos, meses, semanas, horas, minutos e segundos. Mas sem muros, nem fronteiras. Passado, presente ou futuro são um rio sempre a correr da nascente até à foz. Água barrenta ou azul a ondular ao vento, chega às entranhas da terra para brotar de novo e ser fonte de energia revitalizadora.

Se escrevermos a palavra outubro numa folha de papel e a olharmos atentamente, ela anima-se de uma vida plena de memórias, de paisagens, de sentimentos, de imagens, de aromas e de sabores.

Devo confessar que este mês, durante vários anos, foi o mais triste do ano.

Terminavam as longas férias do verão e o seu início significava o começo das aulas e a separação da família.

Estudei num colégio interno, como tantos jovens da minha geração e, ainda hoje, sinto a dor, apesar de longínqua, das lágrimas de outubro. Os meus familiares teimavam em escondê-las e eu, ao contrário, derramava-as em abundância.

Sentia revolta, mas não sabia, nessa época, que a minha partida forçada se devia ao exíguo número de escolas, especialmente no interior, consequência da política de um ditador apologista da ignorância do seu povo.

Volvidas várias décadas, o tempo suavizou o passado e o mês apresenta-se lavado e perdoado.

Aprendi a gostar de outubro. O rodopio do verão sabe a sol, a mar e a encontros. Prendo-me mais ao visível. Fico sem tempo para apreciar o interior das pessoas e das coisas.

O cheiro a terra molhada e a mosto, o esvoaçar das folhas e os dias a minguarem, são um convite ao invisível: ao que vem de nós, dos livros, da chama da lareira, do cair da chuva, das noites longas e da esperança de uma nova primavera.

No silêncio ouvimos a alma, deixamos voar a memória e encontramo-nos na autenticidade do que realmente somos.

As flores, as árvores e toda a natureza fatigadas de tantos frutos e de tanta beleza, sem pressa, entregam-se a um merecido descanso.

Partem as andorinhas em busca de um céu mais azul.

Apetece-me um poema de aromas e de sabores perfumado de maçãs, marmelada fresca e frascos coloridos de compota.

Equaciono a minha condição de pessoa com a minha comunhão com os outros e imagino a imensidão de palavras que poderia ter escrito sobre o tema proposto pelo grupo.

Porém, os pensamentos são fugazes. Os que fixo no pedaço de papel são os que navegam parados no momento em que os agarro. Por isso os tornarei a ver.

Dos incontáveis acontecimentos ocorridos ao longo dos muitos outubros, guardo os que a memória me conserva, os que o coração teima em acordar em meu redor.

A escrita é um ato solitário. Gostava de partilhar as surpresas literárias do convívio. Contudo, o rumor citadino leva-me pelas ruas, apressada, sem olhar os olhos de quem passa. Há folhas adormecidas, espalhadas pelo chão, impregnadas de sonhos e de odor a castanhas. É outubro.

Maria Leonarda Tavares

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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O cassador de muros de Ana Filomena Amaral


A propósito da apresentação do “Cassador de Muros” de Ana Filomena Amaral devo dizer que é o titulo que primeiro nos chama a atenção para o livro. À primeira vista um erro ortográfico. Impossível, pensamos nós. Esta palavra não pode ter o mesmo significado que a palavra caçador. Procuramos no dicionário etimológico e encontramos a palavra cassa e descobrimos que vem do latim cassare, cujo significado é: destruir, aniquilar, anular.

Muito bem, a partir da raiz da palavra formamos novas palavras, daí cassador, aquele que destrói, aniquila, anula os muros.

Bom, passada esta fase, as coisas começam a fazer sentido. Pois Alberto, o personagem principal deste romance, um jornalista português entediado no dia-a-dia do jornal onde trabalha, em Lisboa, vê-se de um momento para o outro catapultado para realidades, sensações, momentos que ele não julgava poder vir a ter.

Descobrimos na leitura do livro que ele é uma personagem que se desconhecia a si próprio, pois quando desperta para esse novo eu, tudo nele se transforma.

Da pacatez do seu dia-a-dia ele passa a viajante compulsivo de realidade em realidade, onde há sempre um muro que ele gostaria de destruir.

Mas os muros que ele vai encontrando não são apenas muros físicos, são muros de vivências escondidas, de sofrimento, de dor. Muros de ausências e de vidas perdidas atrás dos muros.

Alguns são verdadeiros muros erguidos pelo lado mau que os homens têm, onde se esconde a sua pequenez e a sua cobardia se revela.

A maldade que está subjacente à construção do muro de Berlim, é a mesma que ditou a construção do muro na Palestina, na Irlanda do Norte, ou na Coreia do Norte. São muros que os homens constroem porque não sabem usar a arma que é a PALAVRA, talvez a arma mais poderosa que existe e quando bem usada, a mais eficaz.

Quando a PALAVRA não é usada, surgem outras armas mortífera, destruidoras que apenas deixam sofrimento e morte.

Junto aos muros físicos, Alberto encontra outros muros que ele próprio construiu, porque a vida nos obriga por vezes a construir muros. Muros que nos afastam dos outros e que não temos coragem para aniquilar, para anular. Quando, por vezes, o conseguimos, verificamos que o muro que construímos nos impediu de ver o outro lado e consequentemente de nos libertarmos e sermos, talvez, mais felizes.

No livro que a Ana Filomena Amaral escreveu é precisamente isto que acontece ao herói do romance. Ele é um aniquilador de muros. Em primeiro lugar os que construiu consigo próprio e que vai vencendo nesta viagem, depois os que foram sendo construídos e o afastaram de gente que lhe era querida. Nas viagens que empreende em busca de muros físicos o acaso e felizes encontros vão-lhe permitir destruir alguns dos seus próprios muros.

Outro aspeto que desperta a atenção neste livro é o caminho que a autora tomou e a linha de acontecimentos que se vão sucedendo, passando por cenários pintados de cores escuras: a tristeza, a morte, a dor a saltarem a cada momento em pontos geográficos muito distantes entre si e que parecem globalizar os ditos cenários pelas suas semelhanças em cada diferente situação. 
Mas em simultâneo, outros cenários são construídos. 
À dor opõe-se a alegria do nascimento de novos seres.
À solidão opõe-se a alegria do encontro com antigos e novos amigos.
Ao isolamento familiar opõe-se o surgimento de uma família unida, feliz.
À pobreza opõe-se a opulência dos mais ricos.

A autora leva-nos através de cenários de grande pobreza material e o oposto, e em todos estes caminhos há muros que são derrubados e aniquilados, mas muitos muros subsistem e subsistirão porque os homens são em simultâneo construtores e aniquiladores de muros.

Parabéns à autora por nos levar em viagem a locais críticos do mundo de hoje, onde o sofrimento das pessoas ultrajadas na sua dignidade, deixam envergonhados todos aqueles que se consideram pessoas civilizadas no século XXI.

Margarida Fróis

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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Novidade na Biblioteca: A profecia de Istambul


Apenas um pequeno grupo de iluminados conhece o inquietante mistério associado à Lança do Destino que, em silêncio, atravessa séculos e milénios. As cidades de Istambul, Argel e Salónica do século XVI são o exótico cenário da luta entre o Bem e o Mal, onde nasce uma terrível profecia que ameaça o futuro da Humanidade.

A Profecia de Istambul é um empolgante romance que traz à cena os prodigiosos seres que transformaram a bacia do Mediterrâneo num fervente caldeirão cultural durante o Século de Ouro. Num tempo em que mudar de religião pode significar a ascensão social ou a fogueira da Inquisição, muitos são os homens e as mulheres permanentemente confrontados com as mais duras penas, e com a sua própria consciência, para que tomem a decisão das suas vidas.

Pelo meio de corsários, cativos, renegados, conquistadores e judeus fugidos dos estados ibéricos, entre um inviolável pacto e um perturbante mistério, emerge uma fascinante história de amor, que irá colocar à prova os valores mais profundos de um ser humano.

O que é mais valioso: o amor ou a salvação da Humanidade?

Fonte: contracapa do livro


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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Novidade na Biblioteca: o esplendor da vida


Giulia de Blasco é uma escritora de sucesso que venceu uma difícil batalha contra o cancro e conquistou o amor do cirurgião Ermes Corsini. Apesar disso, Giulia não consegue encontrar a serenidade que tanto deseja.

O seu filho Giorgio, de dezasseis anos, atravessa uma adolescência conturbada e acaba por influenciar negativamente a relação de Giulia e Ermes e fazer Giulia questionar as suas capacidades como mãe.

É no meio destas dúvidas e incertezas que surge Franco Vassalli, um enigmático e fascinante empresário, habituado a conseguir tudo o que quer…

Para Giulia começa assim mais um período dramático e intenso da sua vida.

Depois de Desesperadamente Giulia, Sveva Casati Modignani dá continuação à história de Giulia de Blasco, uma das personagens-chave mais emblemáticas de toda a sua obra.

Fonte: www.wook.pt

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terça-feira, 7 de outubro de 2014

50 anos de Mafalda


Mafalda, a menina mais irreverente e popular do mundo, completou no passado dia 29 de Setembro 50 anos. A primeira tira de Quino onde surge esta personagem tão característica data de 1964. Uma criança de 5 anos crítica e sempre atenta à política, à economia, à justiça, à cultura, entre outros temas que ainda hoje continuam actuais.

Citando o seu criador, Quino, “é triste pensar que os temas de que falava Mafalda continuam a existir por vezes com outros nomes, mas são os mesmos. O mundo que existia em 1973, quando deixei de fazer a tira, está igual ou pior do que então.



Para saber mais consulte: 




Aceda ao catálogo concelhio para saber que livros desta personagem temos disponíveis para si! 

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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Celebrar a música com poesia


O Dia Mundial da Música - 1 de Outubro – foi instituído em 1975, pelo Internacional Music Council, organização fundada pela UNESCO, sob proposta do grande músico e violinista Yehudi Menuhin.
Nesta data enaltece-se o valor da música e destaca-se o seu papel na promoção da paz e da amizade.

Não queremos deixar de assinalar esta data pelo que fizemos uma selecção de poemas em que a música tem um papel de destaque.

Ode à música

Melodia, melodia…
Como é simples e tu vens!
Como nasces da harmonia
Das formas que nunca tens!

Como vive a eternidade
Na fugidia presença
Da tua realidade
Irreal logo à nascença!

Não se vê quem te levanta
Nem quem tece o teu destino;
Mas alguém te desencanta,
Te revela e te faz hino
Do nosso amor, melodia!

Vai cantando!
Vai passando e vai durando,
Asa branca deste dia!

                                 Miguel Torga in Poesia Completa

Música

Vem do salão a música discreta
de Schubert… É velhíssimo o piano,
mas sinto nele um não sei quê de humano…
Serão as teclas rimas de um poeta?

E à sombra azul que o «abat-jour» projecta
e tudo veste de mistério e engano,
eu penso, comovido: há quanto ano
se ouviu, nele, o primeiro, a «Incompleta»?!

Quanta voz se prolonga assim no mundo!
Tanta harmonia esparsa pela vida:
- sonho de náufrago que vai ao fundo!

Quem sabe se o regresso dessa voz
é a música vaga, indefinida,
Que nós ouvimos quando estamos sós…

                              Adolfo Simões Muller in Moço, bengala e cão

 Homenagem a Chopin

Como é profundo!
O poeta músico no seu mundo.

Prelúdios, mazurkas, nocturnos,
Dão-nos momentos profundos.

No seu piano toda a melodia é um encanto,
Chopin foi sem dúvida um romântico.

Escuta e sente a melodia,
Chopin poeta de alma dorida

Saudades da sua terra,
Da Polónia veio para a França por causa da guerra.

Chopin queria ser feliz,
Escreveu as suas valsas em Paris.

Chopin poeta do tristemente belo,
Sua alma é do céu e não do inferno.

                                     José Maria Castro Ribeiro in Mais-Valia

Músico ambulante

Tocar é o seu destino.
Toca mal, com as pobres mãos doridas
De velhice e miséria.
Mas que importa? Tocar é o seu destino,
Tocar é uma coisa muito séria.
É velho e toca violino.

Passa na minha rua ao pôr-do-sol,
e quando a tarde é calma,
pára e abre a porta da gaiola
ao trémulo e cansado rouxinol
que tem na alma.

O cego toca violino
e não sei que mundos ouve
nesse estranha dissonância,
mas no seu rosto há destino
mas no seu rosto há distância
quando toca violino.

                                   Fernanda de Castro in 70 anos de poesia

Livro do mês: O retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde


Dorian Gray é um jovem invulgarmente belo por quem Basil Hallward, um pintor londrino, fica fascinado. Determinado a eternizar a beleza de Dorian numa tela, Basil convence-o a posar para ele. Numa dessas sessões, o jovem conhece Lorde Henry Wotton, um aristocrata cínico e hedonista, que o desperta para a beleza e o seduz para a sua visão do mundo, onde as únicas coisas que valem a pena perseguir são a beleza e o prazer. Horrorizado com o destino inevitável que o fará envelhecer e perder a sua beleza, Dorian comenta com os amigos que está disposto a tudo, até mesmo a vender a alma, para permanecer eternamente jovem e manter a sua beleza.

Fortalecido pelo hedonismo, Dorian trata cruelmente a sua noiva, Sybil Vane, que se suicida com o desgosto. Ao saber do sucedido, o jovem começa a notar certas mudanças subtis na sua expressão no quadro, e constata que é o Dorian do quadro que envelhece e que sofre com a passagem dos anos, ao mesmo tempo que o Dorian real permanece com a juventude e beleza intacta. Um romance gótico de horror com um forte tema faustiano, O Retrato de Dorian Gray é considerado pela crítica como a melhor obra de Oscar Wilde.

Fonte: www.wook.pt


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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Novidade na Biblioteca: Private de James Patterson


Jack Morgan, antigo fuzileiro naval e agente da CIA, herdou do seu pai a Private, uma reputada agência internacional de investigação e segurança e, com ela uma carga de trabalhos que pode levá-lo ao ponto de rutura. Os segredos dos homens e mulheres mais poderosos chegam diariamente a Jack e aos seus agentes, que usam técnicas forenses de ponta para resolver os seus casos. Como se não lhe bastasse ter de apurar a verdade sobre um escândalo de jogo ilegal na liga de futebol americano e tentar resolver um inquérito criminal sobre as mortes selváticas de 18 raparigas, Jack ainda vai ter de desvendar o tenebroso assassínio da mulher do seu melhor amigo — e sua antiga amante. Com uma narrativa que se desenvolve a um ritmo alucinante, Private: Agência Internacional de Investigação é o mais excitante e vibrante thriller de James Patterson.

Fonte: contracapa do livro



Gostou?

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terça-feira, 23 de setembro de 2014

Volta o Outono


Volta o Outono

Um enlutado dia cai dos sinos
como teia tremente duma vaga viúva,
é uma cor, um sonho
de cerejas afundadas na terra,
é uma cauda de fumo que chega sem descanso
para mudar a cor da água e dos beijos.

Não sei se me entendem: quando lá do alto
se avizinha a noite, quando o solitário poeta
à janela ouve correr o corcel do Outono
e as folhas do medo calcado estalam nas suas artérias,
há qualquer coisa sobre o céu, como língua de boi
espesso, qualquer coisa na dúvida do céu e da atmosfera.

Voltam as coisas ao lugar,
o advogado indispensável, as mãos, o óleo,
as garrafas
todos os indícios da vida: sobretudo as camas
estão cheias dum líquido sangrento,
as pessoas depositam a confiança em sórdidos ouvidos,
os assassinos descem escadas,
e afinal não é isto, mas o velho galope,
o cavalo do velho Outono que treme e dura.

O cavalo do velho Outono tem a barbada vermelha
e a espuma do medo cobre-lhe as ventas
e o ar que o segue tem forma de oceano
e perfume de vaga podridão enterrada.

Todos os dias desce do céu uma cor de cinza
que as pombas devem repartir pela terra:
a corda que o esquecimento e as lágrimas entretecem,
o tempo adormecido longos anos dentro dos sinos,
tudo,
as velhas roupas traçadas, as mulheres que vêem
                                                                     [chegar a neve,
as papoilas negras que ninguém pode contemplar sem
                                                                     [morrer,
tudo vem cair às mãos que levanto
no meio da chuva.

Pablo Neruda in Antologia Breve

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Literacia no mundo

No passado dia 8 de Setembro assinalou-se o dia Internacional da Literacia sob o tema literacia e desenvolvimento sustentável. 

De acordo com a Unesco literacia é um dos elementos chave necessário à promoção do desenvolvimento sustentável, na medida em que torna as pessoas capazes de tomar decisões correctas e informadas nas mais diversas áreas da vida. A literacia constitui a base para a aprendizagem ao longo da vida e desempenha um papel crucial na criação de sociedades sustentáveis, prósperas e pacíficas.

As competências de literacia são parte de um leque de competências mais vasto necessário para o desenvolvimento do pensamento crítico, do sentido de responsabilidade, da gestão participativa, do consumo e estilos de vida sustentável, entre outros. 

Em sentido restrito literacia significa a capacidade de saber ler e escrever. Assim quando essas competências não existem falamos em iliteracia ou analfabetismo. Em sentido lato literacia remete-nos para a capacidade dos indivíduos saberem processar a informação com que são confrontados no dia-a-dia nos mais diversos domínios, e o grau de capacidade com que o fazem permite nos afirmar que existem diversos níveis de literacia.

Citando Ana Benavente et al. “... [na literacia] não se trata de saber o que é que as pessoas aprenderam ou não, mas sim de saber o que é que, em situações da vida, as pessoas são capazes de usar. A literacia aparece, assim, definida como a capacidade de processamento da informação escrita na vida quotidiana.” (1995: 23)*

A literacia é um direito humano, no entanto existem ainda 781 milhões de pessoas iliteratas no mundo, ou seja cerca de 16% da população mundial.

Com o objectivo de proporcionar uma visão clara e objectiva da literacia no mundo foi criado por Antonio Di Vico para a Unesco uma infografia que mostra os níveis de literacia no mundo, destacando o papel que esta tem no desenvolvimento sustentável.


Uma infografia que merece ser lida e partilhada, disponível para download no site da UNESCO.

Para saber mais consulte:





*Benavente, Ana et al. (orgs.), (1995), Estudo nacional de literacia. Relatório preliminar. Lisboa: Instituto de ciências sociais

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Novidade na biblioteca: poesia de Paulo Eduardo Campos


Sei que o silêncio morde a minha boca.
Hoje, na melancolia de um fim de tarde,
Chamei por uma estrela solitária.
Essa que morreu antes de chamar pelo teu nome.
Sei hoje que a tua ausência
É a voz do silêncio do meu corpo,
O tempo que faltou ao nosso encontro,
Se pudesse ser outro que não eu
Talvez me pudesse despir de antigas mortes
E olhar-te na madrugada súbita dos teus olhos
E dizer-te que amanhã
É sempre o dia em que te procuro.
Amanhã, será sempre o dia em que te digo
“Amo-te”.

In: Na serenidade dos rios que enloquecem

Paulo Eduardo Campos nasceu em Lisboa em 1975 e está ligado à Esculca, aldeia da freguesia de Coja, por laços familiares.

Colaborou em alguns jornais regionais e, também, no Diário de Notícias, no suplemento DN Jovem.

Participou em algumas antologias de poesia e prosa poética portuguesa (Da Poesia Vol. II (1995) e Vol IV (1996), Editorial Minerva; Poiesis Vol. VIII (2002) e XIV (2006), Editorial Minerva), na Revista Literária SOL XXI (2000), no Cancioneiro Infanto-Juvenil "Um livro é… uma árvore de histórias" (2003), A casa do Sol é a cor azul (2008), Instituto Piaget e na Antologia de Poesia do Worldartfriends (2009).

Em Julho de 2005, edita o seu primeiro livro de poesia intitulado "Na serenidade dos rios que enlouquecem" sob a chancela da Editora Amores Perfeitos.

Em Outubro de 2006, recebe uma Menção Honrosa no 17º Concurso de Poesia de Santo António da Charneca.

Em 2006, António Couto Viana (recenseador crítico pela Comissão Consultiva de Apreciação de Livros da Fundação Calouste Gulbenkian) escreve a respeito de Na serenidade dos rios que enlouquecem: "a inspiração de Paulo Eduardo Campos merece leitura atenta, no seu versilibrismo musical, na serenidade lírica com que descreve instantes de amor e mágoa (…) Coração a sangrar, vê o amor através sempre de uma amargura, de uma sofrida melancolia que lhe dita talvez as melhores composições deste livro de penumbras e murmúrios (…) Este conjunto de poemas anunciam uma voz discreta mas persuasiva, que pode ter futuro na nossa Poesia (. ..)

Em 2011 publica “A Casa dos archotes”.

Adaptado de http://nescritas.com e da badana do livro “A casa dos archotes”

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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Novidade na Biblioteca: E aqui estou eu de Rui Cruz


E aqui estou eu é o título do primeiro livro do empresário arganilense Rui Cruz, obra que o próprio considera polémica “ e que por conseguinte alguns amargos de boca e dissabores me vão causar”.


No prefácio pode ler-se que o autor “se limitou a relatar de forma objectiva aquilo que se passou (…) Não há ficção que não tenha por base a realidade e nestes termos eu não me sinto de forma alguma culpado de a realidade ser o que é, até porque a única coisa que fiz foi ficcionar uma historieta, tendo por base a experiência vivida e a entendida!”

Este livro pode ser adquirido ou requisitado na Biblioteca Municipal de Arganil!

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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Recordando Leão Tolstoi


Leão Tolstoi (Lasnaia Poliana, 1828 – Astapovo, 1910), ensaísta e romancista russo, é considerado um monumento da literatura universal. Entre as suas obras destacam-se os romances Anna Karenina e Guerra e Paz, obras de forte pendor realista e admiráveis pela sua dimensão e unidade.

Tolstoi é também um escritor genial de narrativas breves, sendo exemplos a Sonata de Kreutzer e a Morte de Ivan Ilitch. Nestes trabalhos que surgem numa fase final da sua actividade literária, é sobretudo a condição humana e as questões morais que ocupam o autor.

A obra de Tolstoi encontra-se traduzida em todo o mundo, e teve um papel importante na literatura universal.

Aceda ao catálogo das bibliotecas Públicas do Concelho de Arganil para saber que livros do autor temos disponíveis para si!

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Para saber mais consulte:










quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Da mesa à horta


“Da mesa à horta” é um guia prático da responsabilidade do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) destinado a pais e cuidadores de crianças em idade pré-escolar. 
Este guia tem como objetivo promover o contacto das crianças e pais com a fruta e os hortícolas, incluindo as crianças no processo de produção, compra, preparação e confecção dos mesmos, de modo a incentivar o seu consumo e contribuir para a sua correta educação alimentar.

Disponível para leitura ou download aqui!

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terça-feira, 2 de setembro de 2014

Livro do mês: não matem a cotovia de Harper Lee

As cidadezinhas do Alabama seriam simples e pacatas se não sofressem de uma doença terrível: o racismo.

Um advogado defende com toda a convicção, e arrostando com ameaças e preconceitos, um negro injustamente acusado de violentar uma rapariga branca. A sua luta é contudo vã: nunca num tribunal de Alabama se dera razão a um negro contra um branco.

É uma criança que nos conta esta história. Uma criança que vai descobrindo o mundo que a rodeia e é testemunha e protagonista de violências e atrocidades. A sua narrativa semi-inconsciente quase se torna a voz da adormecida consciência norte-americana.

Harper Lee descreve-nos o dia-a-dia de uma comunidade conservadora onde o preconceito e o racismo caracterizam as relações humanas, revelando-nos, ao mesmo tempo, o processo de crescimento, aprendizagem e descoberta do mundo típicos da infância.

Fonte: contracapa e wook

A Autora: Harper Lee

Nasceu em 1926, em Monroeville, nos Estados Unidos da América, onde frequentou o Huntigton College e estudou Direito na Universidade do Alabama.

Foi galardoada com o Prémio Pulitzer e com vários outros prémios.

Não Matem a Cotovia é o único livro que escreveu e foi nomeado pelos principais livreiros americanos como O Melhor Romance do século XX, a obra-prima da literatura americana. Já vendeu mais de 30 milhões de exemplares em todo o mundo e está traduzido para mais de 40 línguas.

Viveu sempre uma vida completamente afastada dos círculos mediáticos e é junto com JD Salinger, uma das mais famosas reclusas literárias, morando ainda hoje na casa onde passou a sua infância, em Monroeville, no estado sulista do Alabama.


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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Novidade na Biblioteca: 12 anos escravo de Solomon Northup


12 Anos Escravo é o título do livro autobiográfico de Solomon Northup, publicado em 1853. 

O autor era um negro livre de Nova Iorque, um hábil tocador de rabeca e carpinteiro, que foi convidado por dois homens para participar numa digressão. Porém foi enganado e acabou por ser vendido como escravo em 1841, permanecendo 12 anos em brutal cativeiro. 

Doze anos escravo foi escrito durante o primeiro ano de liberdade de Solomon Northup e é um retrato dos horrores da escravatura na primeira pessoa.

“Fechei os olhos por pouco tempo naquela noite. Os pensamentos ocupavam-me o cérebro. Seria possível que estivesse a milhares de quilómetros de casa, que tivesse sido levado pela ruas como um animal, que tivesse sido acorrentado e espancado sem piedade, que tivesse então sido levado com um bando de escravos, eu próprio também um escravo? Os acontecimentos das últimas semanas seriam de facto reais? Ou estaria apenas a passar pelas fases sombrias de um sonho prolongado? Não era uma ilusão. A minha taça de tristeza estava cheia, a ponto de transbordar. Levantei então as mãos para Deus e, na calada da noite, rodeado pelos vultos sonolentos dos meus companheiros implorei misericórdia para este pobre cativo abandonado. Ao Pai Todo-Poderoso de todos nós – do homem livre e do escravo – apresentei as súplicas de um espírito quebrado, pedindo forças para suportar o fardo dos meus problemas; até que a luz da manhã despertou os adormecidos, dando início a mais um dia de escravidão.”

(excerto do capítulo V)

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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Viajar sem bilhete (VIII)


MENDES, Pedro Rosa - Baía dos Tigres. 3ª ed. Lisboa : Dom Quixote, 2000. 408 p. ISBN 972-20-1664-4

Pedro Rosa Mendes, repórter galardoado do "Público", partiu em Junho de 1997, com uma bolsa de criação literária do Centro Nacional de Cultura, mochila às costas, máquina fotográfica e gravador, para uma viagem de Namibe, ao sul de Angola, onde se situa a Baía dos Tigres, a Quelimane, Moçambique, atravessando o continente Africano de costa a costa, à semelhança de Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, por picadas, rios e caminhos de ferro. Regressaria três meses e meio depois desta viagem, carregado de histórias bastantes diferentes das que aqueles exploradores certamente encontraram. Histórias de ódio e de horror, de crueldade, num continente onde uma guerra sem fim à vista, tem vindo a aniquilar cada vez mais gente. Em mais de quatrocentas páginas, "Baía dos Tigres" é um relato dessas histórias, como diz Alexandra Lucas Coelho no suplemento Leituras, do "Público", «barroco, denso, infernal. Fino, claro, transparente. Como acontece aos homens ser.»

BECKFORD, William - Alcobaça e Batalha : recordações de viagem. Lisboa : Vega, 1997. 126 p. ISBN 972-699-553-1

Foi durante a segunda estadia em Portugal que Beckford visitou os Mosteiros de Alcobaça e Batalha.

A permanência nos mosteiros prolongou-se por doze dias, de 03 a 14 de Julho de 1794, relatados no livro “Recollections of an Excursion to Alcobaça e Batalha”, escrito praticamente quarenta anos após a visita.

O principal registo digno de nota na obra de Beckford prende-se com o facto deste manifestar não só a sua admiração pelo povo português e pelos seus costumes, mas também a repulsa face às convulsões singradas pela Revolução Francesa, que grassavam por toda a Europa, contrastando com a pacatez lusitana. Outro facto digno de registo, é o tom transmitido pelo autor, que oscila entre a ironia, o humor e até um certo saudosismo, muito mais característico da índole portuguesa.

Esta narrativa do século XVIII, de sensibilidade pré-romântica e estilo elegante, proporciona um relato dotado de graciosidade e porventura alguma imaginação do quotidiano dos Mosteiros de Alcobaça e Batalha. 


VERNE, Jules - A volta ao mundo em oitenta dias. Porto : Público Comunicações Social SA, D.L. 2004. 254 p. ISBN 84-9789-487-1

Phileas Fogg, um aristocrata inglês, faz uma aposta arrojada com os membros do seu clube em como dará a volta ao mundo em 80 dias. Parte então à aventura, acompanhado pelo seu criado. Para vencer o desafio, teria de estar de volta a Londres no dia 21 de Dezembro de 1872, às vinte horas e quarenta e cinco minutos. Porém, Fogg é acusado de estar por detrás do assalto ao Banco de Inglaterra, o que fará com que o detective Fix parta no seu encalço, perseguindo-o para onde quer que Fogg vá. Do Egipto à Índia, e depois para a China, Japão, Estados Unidos (São Francisco e Nova Iorque) e de volta a Inglaterra, somos levados numa viagem através de vários continentes, em diversos meios de transporte existentes na época - vapores, comboios, carruagens , e até mesmo elefante -, numa jornada emocionante que desperta o nosso espírito de aventura e nos leva de volta à infância.


Leia porque ler é viajar sem sair do lugar!

Nota: os livros apresentados encontram-se disponíveis para empréstimo na biblioteca Municipal de Arganil.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Livro do mês: A gente de July de Nadine Gordimer

Tal como nos seus outros romances, Nadine Gordimer em A gente de July aborda o tema do Apartheid, através de uma história que decorre num futuro hipotético e relata a história de uma família de brancos que, fugindo da guerra civil, passa a depender dos seus antigos servidores negros.

A narrativa decorre no Sul de África e é narrada com o pulso inequívoco de uma novelista excepcional, que coloca a nu as circunstâncias que originaram e modelaram a situação de racismo vivida naquele país, e que conduziu a Guerra Civil.

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Nadine Gordimer nasceu em 1923 e faleceu a 13 de Julho de 2014.

Foi vencedora do Booker Prize em 1974 e do Prémio Nobel da Literatura em 1991, e uma das mais influentes vozes contra a segregação durante o regime do appartheid.

É autora de uma vasta obra ficcional e aproveitou a notoriedade que os seus livros lhe trouxeram para sistematicamente denunciar o regime de racismo e repressão da África do Sul junto à comunidade internacional.

Para saber mais consulte:



Outros livros da autora disponíveis na rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil: 
  • A história de meu filho. 2ª ed. Lisboa : Presença, 1992. 218 p. ISBN 972-23-1467-X 
  • Um capricho da natureza. [S.l.] : (Sic) idea y creación, 2008. 339 p. ISBN 978-84-612-3869-9 
  • Um mundo de estranhos. [S.l.] : Bibliotex Editor, 2003. 288 p. ISBN 84-96180-13-1 
  • A filha de Burger. 1ª ed. Porto : Asa, 1992. 539 p. ISBN 972-41-1084-2 
  • Faz-te à vida!. Lisboa : Texto editores, 2006. 159 p. ISBN 972-47-2957-5 

Leia, porque ler é um prazer!

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Viajar sem bilhete (VII)


SALAZAR, Tiago - Viagens sentimentais : travessia com o coração lá dentro. 2ª ed. Alfragide : Oficina do Livro, 2011. 289, [2] p. ISBN 978-989-555-294-8

Escrever e viajar são as duas paixões a que de forma hábil e apaixonada Tiago Salazar se entrega desde sempre. Nos seus relatos, o jornalista e andarilho diz-nos que uma rua é tão importante como um país, que num bairro se vivem histórias tão dignas como num continente. A escala é irrelevante, o que conta é a descoberta.

Uma escrita delicada, um sentido de humor refinado e a humildade de alguém atento ao que diz o vizinho trazem ao leitor o conhecimento de outras culturas, as belezas de outras terras, o espanto de outros costumes. E com eles um viajante e um escritor aberto ao mundo.


COLLIS, Maurice - Na terra da grande imagem : (aventuras de um religioso português no Oriente). Porto : Civilização, imp.1944. 336 p.

“A nossa narrativa prende-se com parte das viagens feitas por Fr. Sebastião Manrique, monge agostinho. (…) Em criança (…) ligou-se à ordem dos agostinhos e foi, mais tarde, mandado para Goa, capital da Ásia portuguesa (…).
Em 1628, entre os 30 e os 40 anos, transferiram-no para Bengala (…), preto da Calcutá de hoje. (…).
Manrique foi obrigado, no ano seguinte, a ir aquele reino, e as suas aventuras, narradas nas Viagens, abriram as portas a um mundo que apenas se encontra nos romances.”

Excerto da introdução


QUEIRÓS, Eça de - O Egipto : notas de viagem. 5ª ed. Porto : Lello & Irmao, 1946. 276 p.

Nos seus apontamentos de viagem (publicados postumamente, sob o título O Egipto. Notas de Viagem), Eça de Queirós oferece aos seus leitores vivas descrições dos túmulos faraónicos, falando desses gigantescos monumentos e ainda da paisagem circundante. Evoca os seus percursos e as aventuras na grande e ruidosa cidade do Cairo, onde visitou os decrépitos vestígios coptas e os monumentos islâmicos situados na altaneira Cidadela cairota. Descreve os túmulos dos califas, a vetusta mesquita de Amr, a mesquita de Ibn Tulun e a mesquita da Universidade de Al-Azhar, prestigiados monumentos do mundo muçulmano. Calcorreou, igualmente, a ainda hoje compacta e ruidosa zona comercial de Khan el-Khalili.



Nota: os livros apresentados encontram-se disponíveis para empréstimo na biblioteca Municipal de Arganil.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Viajar sem bilhete (VI)

SALAZAR, Tiago [et al.] - Endereço desconhecido. Alfragide : Oficina do Livro, 2011. 204 p. ISBN 978-989-555-766-0

Baseado no programa televisivo com o mesmo nome, Endereço Desconhecido apresenta-nos de uma forma original doze dos últimos países a aderirem à União Europeia. Se França, Itália ou Grécia são destinos conhecidos, o mesmo não se poderá dizer de terras como a República Checa, Bulgária, Eslovénia, Lituânia, Letónia, Estónia, Eslováquia, Polónia, Hungria, Roménia, Chipre ou Malta. Tiago Salazar, o escritor-viajante-andarilho, é o cicerone desta ronda por uma Europa ainda por desvendar. Em cada um dos doze capítulos, o autor apresenta-nos a sua visão muito pessoal de cada país visitado e que nenhum guia de viagem lhe mostra. Além de passear pela História, pelos costumes e por becos mal-afamados, de contar a verdadeira gesta do conde Drácula, de beber vinho com ciganos romenos, de nadar nas águas de Malta à procura de Calipso, de experimentar as virtudes dos banhos húngaros, de conduzir comboios letónios ou subir a pé as montanhas búlgaras, o que conta no final, para o viajante e andarilho, são os encontros e as pessoas. Porque as pessoas, sabe-o o leitor, são a eterna riqueza de cada lugar.


POLO, Marco - O livro de Marco Polo. Lisboa : Portugália, imp.1971. 389, [5] p.

Foi há mais de sete séculos que Marco Polo escreveu o relato da sua longa viagem (vinte e cinco anos!) pelas terras desconhecidas da Ásia. Mas a sua narrativa mantém, ainda hoje, a sedução de um grande contador de histórias, empenhado em transmitir as suas aventuras e a sua surpresa e deslumbramento, perante um mundo tão diferente e distante da sua Veneza!

CELA, Camilo José - Vagabundo ao serviço de Espanha. 2ª ed. Porto : Asa, 2000. 222, [2] p. ISBN 972-41-1607-7

As páginas deste livro descrevem-se como uma bela experiência de vagabundagem, que reúne algumas das muitas viagens vagabundas de Camilo José Cela.

«Vagabundo ao Serviço de Espanha» é uma antologia de alguns dos textos de viagem do autor tirados dos seus livros e juntos aqui com o magnífico propósito de nos levar a deambular por esta península ibérica fora nas palavras, vivências e humor de um maravilhoso escritor. 



Leia porque ler é viajar sem sair do lugar!

Nota: os livros apresentados encontram-se disponíveis para empréstimo na biblioteca Municipal de Arganil.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Novidade na Biblioteca: Arganilia nº 26


“Depois de se ter dedicado a relembrar tantos e tão relevantes nomes da Beira Serra, a arganilia cumpre hoje um momento da mais elementar justiça: relembra o seu fundador e seu principal entusiasta, João Alves das Neves.

Este enorme vulto intelectual da nossa região, do país e dessa grande potência económica e cultural que é o Brasil é recordado por muitos dos seus amigos e companheiros de projectos das duas margens do Atlântico. E os seus depoimentos são, per si, a comprovação de que João Alves das Neves legou uma grandiosa obra e uma imensa paixão pelos laços que unem a portugalidade, exigindo a continuidade do seu trabalho e o profundo estudo das suas ideias e das suas pesquisas. (…)”

excerto do editorial de Nuno Mata

Nesta 26ª edição da revista Arganilia são apresentados artigos em forma de depoimento, uma biografia e artigos de fundo com temas que eram do agrado do homenageado. Conforme afirmou Nuno Mata, ao Diário as Beiras nº 6143 (06.01.2014), “acima de tudo são cerca de 200 páginas em que se celebra alguém que viveu para a cultura.”

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Viajar sem bilhete (V)

SALAZAR, Tiago - As rotas do sonho. Alfragide : Oficina do Livro, 2010. 203 p. ISBN 978-989-555-524-6

Da América à Ásia, da Europa a África, todos os caminhos vão dar a viagens inesquecíveis. 

Tiago Salazar guia-nos por praias de sonho, refúgios distantes, por cidades turísticas com histórias por contar, leva-nos até ao Nepal e à herança de Buda, descreve-nos o céu, único, de África e recupera o romantismo de Veneza. De país em país somos levados na bagagem do viajante que atravessa o mundo distante, mas que regressa sempre à Europa, esse velho continente que ainda não nos contou tudo. 

As Rotas do Sonho é mais que um livro de viagens: é o testemunho de quem esteve nos lugares com alma e coração, viveu, conheceu e aprendeu com as gentes de cada terra que cada lugar pode ser único. Para o qual estamos sempre convidados a voltar.



MENDES, Pedro Rosa ; CORBEL, Alain - Ilhas de fogo. 1ª ed. Lisboa : Associação para a cooperação entre os povos, 2002. 189, [2] p. ISBN 972-95393-2-4

A reportagem - escrita, ilustrada - tem também por função desocultar. É esse o objectivo deste livro: ajudar a revelar de África, dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, uma realidade escondida, uma África que se move, feita de pessoas corajosas, com iniciativa, inteligência e imaginação, que em cada dia animam e participam em processos de resistência e de mudança. Ao longo de cerca de ano e meio, Pedro Rosa Mendes e Alian Corbel percorreram um roteiro de sítios, iniciativas, pessoas que nos cinco PALOP têm iniciativa, coragem, imaginação e todos os dias fazem com que o dia seguinte seja diferente do anterior, em muitas comunidades isoladas e fora de vistas ou nas periferias marginalizadas de muitas cidades. O resultado é um conjunto de histórias de pessoas que nos ajuda a entender o essencial do nosso mundo, a relatividade do nosso olhar e do nosso lugar.



TAVARES, Miguel Sousa - Sul : viagens. 9ª ed, nova e aumentada. Cruz Quebrada : Oficina do Livro, 2004. 229, [2] p.. ISBN 989-555-066-1

"Sul: viagens" reúne uma série de histórias sobre o que Miguel Sousa Tavares viu pelas viagens que fez pelo mundo, neste caso para sul.

Ao longo das 230 páginas do livro podemos viajar sem sair de casa: São Tomé e Príncipe, Brasil (Amazónia e Nordeste), Egipto, Índia (Goa), Cabo Verde, Costa do Marfim, França (Guadalupe), África do Sul (Kruger), Argélia (Sahara), Marrocos (Marraquexe), Espanha (Alhambra), Tunísia, Itália (Veneza) e, claro, também Portugal.



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Nota: os livros apresentados encontram-se disponíveis para empréstimo na biblioteca Municipal de Arganil.

sábado, 5 de julho de 2014

Viajar sem bilhete (IV)


AGUALUSA, José Eduardo - Na rota das especiarias : diário de uma viagem a Flores, Bali, Java e Timor Lorosae. Alfragide : Dom Quixote, 2008. 71 p. ISBN 978-972-20-3709-9

Este texto parte de uma viagem que o escritor fez, entre 8 e 29 de Abril de 2001, a convite da Dra. Helena Vaz da Silva, presidente da direcção do Centro Nacional de Cultura: "percursos em busca da presença portuguesa pelo mundo". 

Partindo do Prefácio de Guilherme d’Oliveira Martins, como se pode ler neste texto de José Eduardo Agualusa, "mais importante do que as invocações históricas, e do que as rememorações do passado, o que deve é entender-se o país e as gentes dos dias de hoje. De nada valeria a recordação da História sem uma interrogação efectiva (e uma análise) sobre o presente. Recusaríamos as razões do diálogo espiritual e de culturas se nos satisfizéssemos com o passado - esquecendo que os mortos devem enterrar os seus mortos". 

Este é um belíssimo livro onde Agualusa nos leva a redescobrir uma região a que os portugueses estão unidos por muitas antigas raízes - a presença portuguesa foi efectiva por cerca de 150 anos (1512 a 1769) e a ligação a Timor manteve-se até ao século XX.


Excerto online: http://pdf.leya.com/2011/Apr/na_rota_das_especiarias_styg.pdf

PINTO, Fernão Mendes - Peregrinação. Lisboa : Imprensa Nacional-Casa da Moeda, imp. 1988. 758, [24] p.

Peregrinação é o mais traduzido e famoso livro de viagens da literatura portuguesa. Foi publicado em 1614, pelos prelos de Pedro Crasbeeck, trinta anos após a morte do autor. Terá sido escrito entre 1570 e 1578 em Vale de Rosal, Almada; nela se misturam a história e a fantasia, sendo, por vezes, difícil saber onde começa uma e termina a outra. (…)

O que mais chama a atenção é o seu conteúdo exótico. O autor é perito - diz-se mesmo que pintor - na descrição da geografia da Índia, China e Japão e da etnografia: leis, costumes, moral, festas, comércio, justiça, guerras, funerais, etc.



MAGRIS, Claudio - Danúbio. [S.l.] : (Sic) idea y creación, 2009. 376, [2] p.

Danúbio, de Claudio Magris, é um dos grandes romances europeus do nosso tempo - um romance classificado na categoria de literatura de viagens, cujo tema principal serve de pretexto para explorar e dissertar sobre a cultura centro-europeia, ou seja, da Mitteleuropa. Danúbio obteve o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes em 2004. No entanto, o romance foi escrito durante o período do alargamento da União Europeia, no início dos anos oitenta do século XX. Magris serve-se do Grande Rio que a travessa a Europa Central como se fosse o fio de Ariadne, isto é uma linha de orientação para atravessar o conjunto de culturas e etnias que se entrecruzam, sobrepõem mas raras vezes se misturam ou diluem umas nas outras insistindo, pelo contrário, no esforço de preservar uma identidade cultural face à força do federalismo e da standartização cultural e económica. Essa viagem através do Danúbio (atravessando a Alemanha, a Áustria, a Hungria, a antiga Jugoslávia, a Roménia e a Turquia), o grande rio europeu, é a viagem pela história e pelo imaginário do nosso continente. Uma obra-prima.


Leia porque ler é viajar sem sair do lugar!

Nota: os livros apresentados encontram-se disponíveis para empréstimo na biblioteca Municipal de Arganil.