quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Cinquenta anos de Rumor Branco


Foi há cinquenta anos que Almeida Faria, escritor português de 69 anos, publicou o seu primeiro romance.

Rumor Banco, publicado em 1962, quando o autor tinha apenas 19 anos, valeu o Prémio Revelação da Sociedade Portuguesa de Escritores, suscitando simultaneamente aplausos e polémica. 

Neste livro o autor revela uma grande ousadia formal, recorrendo a fragmentos dispersos, adaptando um processo de torrente que procura imitar a lógica anterior ao conceito de ideia organizada, e à falta de pontuação. Rumor Branco é nas palavras de Anabela Dinis Branco de Oliveira um “romance-poema, mensageiro de uma mudança social, concretizada na descrição de uma força colectiva, na denúncia de uma guerra colonial, no assumir duma revolução adormecida, abortada de perseguição, exílio, traição, prisão e suicídio.[1] Citando Maria Leonor Nunes, colaboradora do Jornal de Letras, Rumor Branco “É um grito de fúria de um jovem contra a ditadura salazarista”.

Rumor Branco pelas suas características fragmentárias pode revelar-se uma leitura algo densa, que requer concentração, mas é sem dúvida um marco na literatura pós-moderna em Portugal. 

“Quando me surgem as primeiras ideias de uma cena, de um conto, de um eventual fragmento de romance, ignoro para onde vou, que personagens virão ao meu encontro. Limito-me a pré-estabelecer uma estrutura, para que a história, como um edifício, tenha espinal medula. O que me interessa não é a história em si, é a maneira de contá-la. Esta surgiu da minha fúria adolescente contra a ditadura.”

Almeida Faria, entrevista no Jornal de Letras, Artes e Ideias nº 1099
 
Mais informação sobre a obra “Rumor Branco”:
 
Nota: o livro apresentado encontra-se disponível para empréstimo na rede de Bibliotecas de Arganil. Para saber que outras obras do autor temos para si consulte o nosso catálogo concelhio.

Leia, porque ler é um prazer!

[1] Oliveira, Anabela Dinis Branco de, “Nouveau Roman em Portugal – Máscaras políticas de uma recepção literária” in Revista de Letras, Anais da UTAD, nº 2

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