Manuel António Pina, um dos grandes poetas portugueses e um dos nossos maiores cronistas e autores de literatura infanto-juvenil, faleceu no passado dia 19 de Outubro, aos 68 anos.
Como se pode ler na edição nº 1098 do Jornal de Letras, Artes e Ideias, “ao correr de quatro décadas, de literatura e jornalismo”, Manuel António Pina “construiu uma ‘casa de palavras’, uma obra singular e intensa”.
Como forma de evocação do autor e da sua obra aproveitamos para destacar três dos seus livros como convite à leitura e à descoberta do homem que um dia afirmou “Escrevo o livro comigo mesmo, com o meu sangue, com a minha vida, com a minha memória.”
Ainda não é o fim nem o princípio do mundo calma é apenas um pouco tarde
Trata-se do livro de estreia do autor, publicado em 1974.
“Os primeiros poemas de M. A. Pina, não sendo estritamente políticos, documentam uma certa "paz dos cemitérios" e sugerem que "não é possível dizer mais nada mas também não é possível ficar calado". Embora seja tarde, talvez não seja ainda demasiado tarde. A dimensão crítica desses poemas assume um registo surrealizante, lúdico e desconstrutivo, fazendo inventários, parodiando a linguagem oficial, em versos inesperados, inventivos, recorrendo a exclamações, interjeições, a súbitas apoteoses líricas contrabandeadas no meio do sarcasmo.”
Pedro Mexia in expresso nº 2083 (29.09.2012), suplemento actual
Aquilo que os olhos vêem ou o Adamastor
“Trata-se de um texto dramático sobre a passagem do cabo Tormentório pelas caravelas portuguesas e o encontro (lendário) com o Gigante Adamastor, criado por Camões, nos seus Os Lusíadas. O protagonista é um jovem portuense que mora na angra de S. Brás, próximo do cabo da Boa Esperança, e a acção passa-se em 1501. A história é contada, a bordo, por Mestre João, físico e astrónomo, e recorre-se, por vezes, a várias retrospectivas, em casa do jovem Manuel, em contracenas com os pais e a irmã. A intenção do dramaturgo não é suficientemente clara, em termos teatrais, mas a linguagem é fluente e com beleza literária. Todavia, os arcaísmos do auto ensaiado a bordo brigam com a escrita empregue na peça. Foi preocupação do autor dar informações históricas sobre a vida a bordo das nossas caravelas, durante os Descobrimentos. As fotografias do espectáculo convencem-nos sobre a qualidade da representação.”
O Anacronista
Publicado em 1994 é uma compilação de crónicas que Manuel António Pina escreveu no Jornal de Notícias, na Marie Claire e em O Jornal, crónicas às quais o autor deu uma arrumação temática. Nas páginas de O Anacronista “passam as perplexidades, os gestos, os rostos, os pequenos e torpes personagens e as grandezas e infâmias de que todos os dias se fazem e, depois em memória e em esquecimento se desfazem, a vida dos homens e a vida dos jornais.”
Se quiser saber mais sobre o autor consulte:
- Jornal de Letras, Artes e Ideias nº 303, nº 556, nº 899, nº 1035, nº 1066 e nº 1098
Consulte o catálogo concelhio da rede de bibliotecas do concelho de Arganil para saber que outras obras do autor temos disponíveis para si!
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