quarta-feira, 18 de julho de 2012

Novidade na Biblioteca: Poesias completas de Mário Beirão

Integrado no amplo movimento poético do saudosismo, cujo chefe incontestado foi Teixeira de Pascoaes, Mário Beirão (1890-1965) é autor de uma obra de invulgar qualidade literária, iniciada aos 21 anos, com o volume O último Lusíada (1913) e de que fazem parte mais sete livros de poemas – Ausente (1915), Lusitânia (1917), Pastorais (1923), A noite humana (1928), Novas estrelas (1940), Mar de Cristo (1957) e O pão da Ceia (1964), além de um livro de impressões de viagens, Oiro e cinza (1946), aqui pela primeira vez reunidos.
Como dele escreveu David Mourão-Ferreira, «cantos dos campos de Beja, das pedras da cidade e das ascéticas planuras do seu termo, da bravia austeridade das suas gentes, Mário Beirão foi igualmente um predestinado aedo de todos os cantos da vasta Casa Lusitana e, ao mesmo tempo, um grande lírico repartido entre a sondagem metafísica da alma e o franciscano louvor dos aspectos mais simples da natureza e da existência».

Fonte: contracapa do livro
 
 
"A obra [de Mário Beirão] (…) é, a meu ver, uma das que mais amplamente significam, na literatura portuguesa contemporânea, a universalidade da nossa inspiração lírica, a veemência contida e a aspiração fraternal duma solidariedade que através de imagens e de símbolos se realizou com a força verbal dos que pela poesia plenamente exprimem a sua autenticidade interior.”

Luis Forjaz - Mário Beirão, Poeta da Terra e do Homem",
in: Separata do Boletim da Academia das Ciências de Lisboa, V. XXXVII, Lisboa, 1965

Mário Beirão " percorre a Vida procurando os fantasmas de que é ausente; as crianças que foi, as lendas que lhe nadam no sangue, as sombrias faces do guerreiro que das seteiras dos castelos medievos espreitaram a planície, o Deus que outros olhos viram..."

Leonardo Coimbra in: Teixeira de Pascoaes - A Saudade e o Saudosismo
Lisboa, Ed. Assírio & Alvim, 1988
Coimbra

Sonhando, és luz de sacrário,
Ó Coimbra, «posta em sossego»…
Já, na guitarra do Hilário,
Demanda os Céus o Mondego!

Choupos que beijam o chão…
Musgos… nichos… muros velhos:
Ó painel de Devoção,
Eu te contemplo de joelhos!

Ó Coimbra, - por suspirosas
Tardes de Outono, o que vês?
Vês nascerem alvas rosas
Da «morte escura» de Inês!

Flui o Mondego… sagrada
Luz o veste de esplendor:
É uma trança, desatada
Do cabelo de Leonor!

Que noite! que doce e amara
Essência de turbação!
Bate o luar em Santa Clara,
Bate no meu coração!

Ó Coimbra – saudade minha –
Quem te deu graças tão puras?
Foi Santa Isabel, - Rainha
De Portugal, nas Alturas!

Mais informação sobre o autor em:

http://www.oocities.org/mariobeirao/index.htm
http://www.infopedia.pt/$mario-beirao

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