quinta-feira, 17 de maio de 2012

Carlos Fuentes: cidadão do mundo

Filho de mexicanos, Carlos Fuentes nasceu no Panamá, a 11 de Novembro de 1928, numa família de diplomatas e passou a sua infância entre a Europa e o continente americano. Estudou na Suíça e nos Estados Unidos; viveu em Quito, no Equador; em Montevideo, no Uruguai; no Rio de Janeiro, no Brasil; em Santiago do Chile e em Buenos Aires, na Argentina, num percurso que acabou em Washington, nos Estados Unidos. Na adolescência, passou a viver no México.

Em 1955, fundou com Octávio Paz e Emmanuel Carballo, a “Revista Mexicana de Literatura”. Membro do Partido Comunista, Carlos Fuentes era um homem de esquerda, e foi próximo de Fidel Castro antes de se afastar depois da prisão do poeta cubano Ernesto Padilla (em 1971).

Licenciou-se em Direito na Universidade Autónoma do México e no Instituto de Altos Estudos Internacionais de Genebra, e prosseguiu a carreira diplomática de tradição familiar. Em meados da década de 1970, dedicou-se ao ensino e leccionou nas principais universidades mundiais, de Paris a Princeton, Harvard, Columbia ou Cambridge.

Fuentes foi um grande admirador de Machado de Assis, que considerava como o único autor da América Latina do século XIX a ter seguido a tradição de Cervantes - a chamada "tradição de la Mancha".

Carlos Fuentes foi diversas vezes premiado pela sua obra literária. Destacam-se o Prémio Cervantes (1987) e o Prémio Príncipe das Astúrias (1994). Morreu de problemas cardíacos a 15 de Maio de 2012, aos 83 anos. Tinha começado a escrever aos 29 anos e o seu último romance editado, “Adão no Éden”, foi publicado recentemente pela Porto Editora.

É autor de 30 livros, traduzidos em mais de duas dezenas de idiomas, entre os quais “O velho Gringo”; “Cristóvão Nonato”, “Constancia e outras Novelas para Virgens”, “Aura”, “A Laranjeira”, “Diana ou a Caçadora Solitária”, “A Campanha”, “Aquilo em que Acredito” (todos editados em Portugal pela Dom Quixote).

“Pelo menos em Portugal nunca teve um grande sucesso de público. Mas é um autor extremamente importante e o facto de ter tido sempre menos sucesso que os outros dois pode explicar-se por ser o mais político dos três. A obra dele é muito o espelho do México e das suas vicissitudes políticas. É um autor muito marcado ideologicamente e isso talvez tenha contribuído para que não tenha sido um autor tão popular. Mas é indiscutivelmente um dos grandes nomes da literatura latino-americana e da literatura mundial.”

Manuel Valente (Porto Editora) in Jornal Público de 15.05.2012 (edição on-line)

“Qualquer um que tenha a palavra escrita como matéria prima, e a memória como guia dos tempos, saberá descobrir no autor de ‘A região mais transparente’, ou ‘A morte de Artemio Cruz’, ou de ‘Terra Nostra’, de ‘Gringo Viejo’, um eterno contemporâneo, um companheiro de viagem, um parceiro de sonhos e ousadias. E uma testemunha de desesperanças e esperanças, de tudo aquilo que poderíamos ter sido e que não fomos.”

Eric Nepomuceno
Fonte: http://www.esquerda.net/artigo/carlos-fuentes-escrever-para-ser/23171

“Estava lotada a agenda de Carlos Fuentes para 2012. Assim como em qualquer outro ano de sua vida. Além de ser um dos maiores símbolos da atual literatura latino-americana, também era conhecido pela rotina intensa e vocação cosmopolita. Ao desbravar as fronteiras físicas, se encontrava com gente de todo tipo para tratar de ficção e de realidade. Segundo o colega García Márquez, ainda restava tempo para dar uma mão a jovens autores. Tinha fama de generoso, disposto a encher o mundo de mais escritores. Seus únicos medos eram políticos e não literários.”

Victor Vieira
Fonte: http://praler.org/2012/05/ultima-entrevista-carlos-fuentes/

Livros do autor disponíveis na rede de bibliotecas de Arganil

Cristovão nonato. 1ª ed. Lisboa : Dom Quixote, 1991. ISBN 972-20-0913-3

O velho gringo. 1ª ed. [Lisboa] : Publicações Dom Quixote, imp. 1987. ISBN 972-20-0017-9

A laranjeira. 1ª ed. Lisboa : Dom Quixote, 1995. ISBN 972-20-1220-7


Mais informação sobre o autor em:






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