sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Livro do mês: a idade da inocência

WHARTON, Edith - A idade da inocência. 2ª ed. Mem Martins : Europa-América, 1993. 274, [1] p. ISBN 972-1-03658-7

O enredo de A Idade da Inocência centra-se na vida de um casal da classe alta, prestes a casar e o aparecimento nas suas vidas de uma mulher que vem ameaçar a sua felicidade.

Newland Archer, advogado e herdeiro de uma das mais influentes famílias de Nova Iorque, está noivo da bonita e protegida May Welland. Porém ao conhecer a Condessa Ellen Olenska, uma prima da sua noiva, exótica e independente, separada do marido, vinda da Europa, Newland começa a questionar a sua escolha.

A decisão de Ellen de se divorciar do conde Olenska traz uma crise para a família. Um divórcio seria um escândalo e poderia representar a desgraça social. Viver separado poderia ser tolerado, mas um divórcio era inaceitável. Assim a fim de salvar a reputação da família Welland, Newland consegue dissuadir a Condessa de Olenska do divórcio, mas nesse processo acaba por apaixonar-se por ela.

Newland e May apressam o casamento e Newland faz um esforço para esquecer Ellen, porém falha. O seu casamento é apenas um casamento de conveniência, sem amor, e a sua vida social parece-lhe cada vez mais vazia e menos excitante. Embora Ellen tenha ido viver para Washington, Newland não consegue esquecê-la.

Ellen regressa a Nova Iorque para tomar conta de uma avó acamada e Newland tenta aproximar-se dela, procurando ao mesmo tempo uma forma de deixar May. Ellen acaba por sucumbir aos avanços de Newland, mas pouco depois anuncia o seu regresso à Europa. Newland decide então abandonar May e seguir Ellen, porém, muda de planos quando May lhe anuncia estar grávida.

Um romance intenso que retrata de uma forma viva e irónica a sociedade da século XIX, uma sociedade onde se nega a humanização e se vive de aparências. Esta obra valeu a Edith Wharton o prémio Pulitzer em 1920 – o primeiro atribuído a uma mulher.

Excerto:

“O jovem estava sincera mas serenamente apaixonado. Estava encantado com a beleza da noiva, a sua saúde, o seu porte a cavalo, a sua graça e vivacidade nos jogos e o interesse tímido em livros e ideias que começava a desenvolver sob a sua direcção. (Conseguiria avançar o suficiente para se unir a ele a ridiculizar Os ídilios do rei, mas não para sentir a beleza de Ulisses e os Comedores de lótus.) Era directa, leal e corajosa, tinha sentido de humor (principalmente provado pelos seus risos com as piadas dele); e suspeitava nas profundezas da sua alma de aspecto inocente um brilho de sentimento que seria uma alegria despertar. Mas, quando deu a volta rápida aos atributos da noiva, sentiu-se desencorajado pelo pensamento de que toda esta franqueza e inocência eram apenas um produto artificial. A natureza humana não era franca nem inocente, era cheia de ardis e defesas de astúcia instintiva.”

Nota biográfica:
Edith Wharton nasceu em Nova Iorque em 1862, no seio de uma família ilustre. Em 1885 casou com Edward Robbins Wharton, de quem se divorciou em 1913.
De 1910, até a sua morte em 1937, viveu em França, tendo efectuado importante trabalho humanitário durante a guerra.

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