quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A Ilha das Trevas de José Rodrigues dos Santos

SANTOS, José Rodrigues dos - A ilha das trevas. 6ª ed. Lisboa : Gradiva, 2008. 354 p. ISBN 978-989-616-172-9

A Ilha das Trevas, o primeiro romance de José Rodrigues dos Santos, é um relato ficcionado da história da Independência de Timor, que se inicia em 1975, altura em que o governo português abandonou a ilha, e esta foi invadida pelos Indonésios, que anexaram Timor-Leste ao seu território, como a sua 27ª província.

Durante mais de 24 anos os Timorenses viveram subjugados e ameaçados pelas tropas Indonésias e foram vítimas de extrema violência. Centenas de aldeias foram destruídas pelos bombardeios do exército da Indonésia e milhares de Timorenses foram brutalmente assassinados.

Esta situação foi escondida dos olhos do mundo durante anos a fio, apenas a partir de 1991, depois do massacre no cemitério de Santa Cruz e em 1996 com a atribuição do Nobel da Paz a D. Ximenes Belo e Ramos Horta, a causa de Timor-Leste pela independência ganhou maior repercussão e reconhecimento mundial.

A ilha das trevas é um relato impressionante sobre a história recente de Timor. Escrito num ritmo dramático e intenso, misturando alguns elementos de ficção com o real, o romance capta a atenção do leitor desde a primeira à última página, fazendo com que este viva e sinta os acontecimentos, e sobretudo fique a conhecer a história da luta pela independência de Timor-Leste.

“Timor-Leste é um problema antigo e ignorado do mundo. A indonésia invadiu esta colónia portuguesa em 1975, e, desde então, através de uma campanha sistemática e organizada de chacinas, assassinatos, fome e perseguições, dizimou um terço da população local. (…) Trata-se de um problema antigo que requer atenção para poder ser resolvido. Se o mundo continuar a ignorá-lo, a Indonésia sentir-se-á à vontade para prosseguir a política de aniquilamento que está a conduzir no território. O bispo Ximenes Belo é o cardeal Romero de Timor-Leste, é a principal voz que se ergue em defesa dos timorenses. Mas é uma voz fraca. Cabe-nos a nós dar-lhe força. Meus senhores e minhas senhoras, acredito convictamente que, mais do que premiar feitos ocorridos no passado, o Nobel da Paz deve ser usado como factor de mudança, como um pólo de pressão para que haja alterações nas políticas opressoras. Ao premiar o bispo Ximenes Belo, o Comité Nobel estará à altura das suas melhores tradições, introduzindo irreversivelmente a questão de Timor-Leste na agenda política internacional (…).”

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