sexta-feira, 29 de maio de 2009

Nascer a ler

Decorreu no passado dia 21 de Março a primeira sessão da actividade que a Biblioteca Municipal Miguel Torga vai desenvolver com bebes dos 0 aos 3 anos. A consciência da importância de que se reveste a criação de hábitos de leitura, desde a mais tenra idade levou-nos a pôr de pé um projecto que está a ser muito bem aceite pelos pais e que conta com a ajuda preciosa das Educadoras da Casa da Criança de Arganil.

“Nascer a Ler” é pois um projecto em que acreditamos, por vários motivos, entre os quais a possibilidade de os pais serem apoiados e aconselhados nas escolhas de livros para os seus bebes, o contacto com variados livros de literatura infantil e a prática da leitura em voz alta fundamental para que a leitura se torne um prazer para quem ouve, neste caso para que os bebes ouçam com atenção as palavras bem ditas, com uma boa dicção, num ambiente propício ao intimismo, condição necessária para que o projecto funcione.
Na sala da hora do conto da Biblioteca Miguel Torga brinquedos misturam-se com livros, os livros têm palavras e imagens coloridas que atraem a atenção dos bebes e os levam a “folhear” as suas páginas.

Com os pais, as conversas sobre leituras para eles e para os seus bebes, vão preenchendo o espaço deste fim de tarde que queremos relaxante e agradável.

Um livro, um mundo

“O mundo que se revelava no livro e o livro em si não eram nunca separáveis. Assim, em cada livro, também o seu conteúdo, o seu mundo, estavam palpavelmente lá, à mão. Mas, da mesma forma, este conteúdo e este mundo transfiguravam cada parte do livro. Ardiam dentro dele, resplandeciam dele; localizados não apenas na capa ou nas ilustrações, estavam encerrados nos títulos de capítulos e capitulares, parágrafos e colunas. Não se liam livros de ponta a ponta; vivia-se, residia-se entre as suas linhas e, ao voltar a abri-los após um intervalo, era-se apanhado de surpresa no lugar onde se tinha interrompido a leitura.”

Walter Benjamin
In: Uma História da Leitura/ Alberto Manguel

quinta-feira, 28 de maio de 2009

XVI FEIRA DO LIVRO DE ARGANIL


Arrancou hoje a XVI Feira do livro de Arganil.

PROGRAMA
Dia 28

10H00 – Abertura da Feira
10H30 – Histórias com Livros (visita das crianças à Feira)
14H00 – Histórias com Livros (visita das crianças à Feira)
21H30 – Contos ao Serão com Clara Haddad
23H00 – Fecho da Feira

Dia 29

10H00 – Abertura da Feira
10H30 – Histórias com Livros (visita das crianças à Feira)
14H00 – Histórias com Vanda Freitas da Editora 7 Dias 6 Noites
21H00 – Abertura da Exposição sobre Alves Coelho
23H00 – Fecho da Feira

Dia 30

10H00 – Abertura da Feira
18H30 – Lançamento do Livro “Maestro Alves Coelho” de Luciano Reis
23H00 – Fecho da Feira

Dia 31

10H00 – Abertura da Feira
22H30 – Encerramento da Feira
23H00 – Fecho da Feira

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sul: viagens de Miguel Sousa Tavares



TAVARES, Miguel Sousa - Sul : viagens. Ed. nova e aumentada. Cruz Quebrada : Oficina do Livro, 2004. 229,[ 2] p. ISBN 989-555-066-9





O autor:

Jornalista português, Miguel Sousa Tavares nasceu no Porto, sendo filho da poetisa Sophia de Mello Breyner e do advogado e jornalista Francisco de Sousa Tavares. Depois de se ter licenciado em Direito, exerceu advocacia durante doze anos, mas abdicou definitivamente desta profissão para se dedicar em exclusivo ao jornalismo.

Sinopse:

"Sul: viagens" reúne uma série de histórias sobre o que Miguel Sousa Tavares viu pelas viagens que fez pelo mundo, neste caso para sul.
Ao longo das 230 páginas do livro podemos viajar sem sair de casa: São Tomé e Príncipe, Brasil (Amazónia e Nordeste), Egipto, Índia (Goa), Cabo Verde, Costa do Marfim, França (Guadalupe), África do Sul (Kruger), Argélia (Sahara), Marrocos (Marraquexe), Espanha (Alhambra), Tunísia, Itália (Veneza) e, claro, também Portugal.

Extracto:

“Eu sou um contador de histórias. Pagam-me para isso, pagam-me para percorrer o mundo e contar o que vi.
Umas vezes vi tragédias, miséria, coisas que magoava descrever. Outras vezes vi sonhos, esperanças, histórias felizes. Este é um livro que reúne apenas a parte boa daquilo que me coube em sorte ver e contar. É um livro de viagens, um livro de alguém que, como nos sonhos de infância, teve a sorte de partir tantas vezes com pouco mais que um saco de viagem e uma máquina de filmar ou de fotografar.
Fiz o que pude para justificar o privilégio que tive. Trouxe comigo o que podia partilhar com os outros: filmes, fotografias, relatos, mapas, instruções de viagem. Certas coisas não pude dividir nem contar, porque eram impartilháveis: os cheiros, o sabor da comida, a poeira e o cansaço acumulados, essa desesperada nostalgia depois de cada regresso. Outras coisas ainda deixei lá, porque não podia trazer (…)
Nem sempre viajei para sul, mas nada vi de tão extraordinário como o sul. (…)”

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Desculpe lá, Mãe!




FERRO, Rita ; GAUTIER, Marta - Desculpe Lá, Mãe. 7ª ed. Lisboa : Contexto, 1999. 262 p. ISBN 972-575-235-X


As Autoras

Rita Ferro nasceu em 1955. É formada em Design de Interiores, escritora e colaboradora da imprensa. A sua filha Marta Gautier é professora, psicóloga e professora.

Sinopse

Desculpe Lá mãe, publicado pela primeira vez em 1998 foi escrito por Rita Ferro em co-autoria com a sua filha Marta Gautier.
Este livro é constituído pelas mensagens trocadas entre mãe e filha, mensagens estas que começam devido a desfasamento de horários ou devido à distância, mas as duas rapidamente se apercebem que nesta forma de comunicação conseguem uma maior intimidade.
Aproveitam assim para debater os mais variados temas da actualidade, bem como os problemas próprios da adolescência, deixando-nos a nós, leitores, duas visões diferentes da mesma realidade: a de uma jovem estudante de psicologia com 20 anos e a de uma mulher madura e vivida com cerca de 50.

Extracto da obra

“Querida Mariana:

Fiquei a pensar no que escreveste o outro dia sobre a importância dos amigos na tua idade. É claro que eles também são importantes na minha, mas, na tua, é natural que pareçam mais.
Na minha, as pessoas tornam-se presunçosas e acham que já não precisam tanto de amigos, mas de interlocutores.
O que são interlocutores? Boa pergunta.
De um ponto de vista interesseiro, um interlocutor pode ser alguém mais lúcido do que nós, ou capaz de nos dar outras perspectivas da realidade, e que além de nos compreender nos obriga a repensar nalgumas noções viciadas.
Talvez seja estúpido, porque sempre que há problemas graves quem aparece são mesmo os amigos, esses amigos feitos na infância que às vezes nada têm para nos oferecer além de um abraço apertado ou de um beijo sentido."

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Bons motivos para ler!

“Tudo quanto um homem lê é por ele pessoalmente recriado, voltado a criar. (…) Mas o leitor, além de recriar, recria-se, cria-se a si mesmo de novo, volta a criar o seu próprio espírito.”
Laín Entralgo

A palavra ler tem origem no grego legei, que significa colher, recolher, juntar e em latim se transformou em lego, legis, legere, que significa juntar horizontalmente as coisas com o olhar, mas Ler não se resume à mera capacidade de unir letras e formar palavras. Para que a leitura aconteça no verdadeiro sentido da palavra, é necessário, também, compreender. Isto significa que ser leitor é diferente de ser alfabetizado.

A leitura é compreensão, entendimento, reflexão, é um meio de aquisição de informação e conhecimento sobre tudo o que nos rodeia, logo podemos talvez afirmar que a leitura é um acto social e nessa medida é papel de todos nós contribuir para a formação de bons leitores.

Num mundo em que cada vez mais a tecnologia invade as nossas vidas, para muitos, a leitura fica em segundo plano, e muitas pessoas nem ponderam que a sua prática pode revelar-se fundamental para se ser bem sucedido na vida. Ver televisão, navegar na internet ou jogar jogos na consola tornou-se a forma eleita de muitos para ocupar os tempos livres, e a leitura como actividade de lazer é uma prática, infelizmente, menos frequente de que a desejada.

Para contrariar esta tendência há que familiarizar as crianças com os livros e com a leitura desde o berço. Muitos são os estudos que comprovam que a probabilidade da criança se tornar num adulto leitor, é maior quando desde tenra idade e numa base regular esta teve contacto com os livros e a leitura. Citando José António Gomes “Qualquer criança tem condições mais favoráveis para reconhecer a importância da leitura e adquirir o gosto de ler, se vive num ambiente onde o recurso ao livro entrou, com naturalidade, no conjunto dos hábitos quotidianos.”

Mas porquê é tão importante ler?

Ler é parte fundamental das nossas existências. Diariamente nas mais diversas situações somos obrigados a usar esta faculdade, às vezes quase nem nos apercebemos que o estamos a fazer. Lemos os outdoors, as letras gordas do jornal à mesa do café, as notícias de rodapé dos telejornais, os sinais de trânsito, a bula de um medicamento… mas a importância da leitura não se resume apenas a traduzir informação prática, ela é uma ferramenta muito mais poderosa e abrangente. Ora vejamos.

A leitura, como prática regular, contribui para o desenvolvimento de diversas competências humanas:

- Entendimento: uma boa leitura pode levar a pessoa ao entendimento de diversos assuntos. De acordo com o dicionário entendimento é a faculdade pela qual o espírito se apodera das ideias e as compreende.

- Capacidade crítica: lendo, tornamo-nos mais informados e somos confrontados com diversos pontos de vista, factos e dados. Estar bem informado permite-nos fundamentar as nossas ideias e aprendermos a questionar o que nos rodeia.- Conhecimento: a leitura permite-nos adquirir conhecimentos sobre inúmeras disciplinas do conhecimento. A leitura como prática regular ajuda também a falar e escrever melhor.

- Dinâmica: quem lê muito, começa a reflectir mais rápido. Logo, adquire mais agilidade na leitura.

- Vocabulário: a leitura enriquece o nosso conhecimento de palavras e consequentemente o nosso discurso.

- Escrita: Um leitor terá maior agilidade na construção de um texto de que alguém que não tem a leitura como prática regular.

Todos estes aspectos poderiam ser ainda aprofundados, não obstante, são elucidativos da importância da aquisição de bons hábitos de leitura. Através da leitura o ser humano não só absorve conhecimento, como pode transformá-lo num processo de aperfeiçoamento contínuo.

A leitura para além de contribuir para o desenvolvimento de competências, despoleta também sentimentos e emoções, tais como tristeza e alegria e nessa medida contribui para o desenvolvimento emocional. De acordo com uma pesquisa realizada por investigadores da Universidade de Groningen na Holanda, a área do cérebro activada quando uma pessoa lê e imagina uma cena é a mesma que é ligada quando a imagem está numa tela de cinema ou quando sentimos uma emoção. Através da leitura podemos viajar, viver e sentir. A leitura é também prazer. E se de facto encontrarmos a obra certa conseguimos lê-la como se dela fizessemos parte.
Para finalizar esta breve reflexão, lanço o repto: Leiam, leiam muito e parafraseando Harold Bloom em Como Ler e Porquê “exorto-vos a encontrar aquilo que na verdade sentem próximo e que podem utilizar para ponderar e reflectir. A ler profundamente, não para aceditar, não para aceitar, não para contradizer, mas para aprender e partilhar dessa mesma natureza que escreve que lê.”

Miriella de Vocht

Bibliografia consultada:

Bloom, Harold - Como ler e porquê. – Lisboa: Caminho, 2001
Gomes, José António – Da nascente à voz. – Lisboa: Caminho, 1996
http://www.mundoeducacao.com.br/redacao/por-que-ler-importante.htm
acedido em 12.05.2009

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Para reflectir

“Não leiais para refutar ou contradizer, para aceitar ou aquiescer, para perorar ou discursar, mas para ponderar e considerar. Certos livros devem ser provados; outros engolidos; uns poucos mastigados e digeridos. Quer dizer: devemos ler certos livros apenas parceladamente; outros incuriosamente, e uns poucos da primeira à última página, com diligência e atenção. Alguns livros podem mesmo ser lidos por terceiros, que nos farão deles um apanhado, mas isso somente no caso de assuntos desimportantes, e de livros medíocres, pois livros resumidos são como água destilada: insípidos. O ler faz um homem completo, o conferir destro, o escrever exacto. Bem por isso, se alguém escreve pouco, deve ter boa memória; se confere pouco, muita sagacidade; se lê pouco, muita manha para afectar saber o que não sabe.”

Francis Bacon, in "Ensaios Civis e Morais"

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Memórias de uma gueixa de Arthur Golden

O Autor:

Arthur Golden nasceu em Chattanooga, Tennessee em 1956 e formou-se na Univerdade de Harvard em História de Arte onde se especializou em Arte Japonesa. Em 1980 realizou um mestrado em história Japonesa na Universidade de Columbia.

A sua atracção pelo mundo oriental levou-o a aprender mandarim e a residir em Pequim e Tóquio, capital Japonesa.

Depois de trabalhar como editor no Chattanooga Times, Golden publicou o seu primeiro romance, "Memórias de uma Gueixa (Memoirs of a geisha)" (1996), um best-seller no qual contou com a experiência de Iwasaki Mineko, uma anciã nipónica residente em Nova Iorque que recorda as suas vivências como Gueixa em Kyoto. Vive actualmente em Brooklin, Massachussets, com a mulher e os dois filhos.


O Livro:

Memórias de uma Gueixa de Arthur Golden é um livro que dá uma perspectiva muito interessante e fundamentada, segundo o autor, da cultura japonesa permitindo um olhar diferente sobre as Gueixas, mulheres educadas para agradar aos homens e que muitos confundem com prostitutas.

Embora o objectivo seja o mesmo, agradar ao sexo masculino, as Gueixas são mulheres que trabalham arduamente para se cultivarem na dança, na música, no saber estar e poderem exercer a sua profissão, seguindo rituais extremamente severos.

O livro conta a história de vida de uma Gueixa famosa na primeira metade do século XX narrando o difícil caminho entre a sua origem humilde e a vida de conforto e riqueza que a profissão de Gueixa lhe proporciona.

A beleza de Sayuri, principalmente os olhos de um cinzento azulado e a grande tenacidade para alcançar os seus sonhos abrem-lhe as difíceis portas das festas onde as profissionais Gueixas servem de entretenimento aos homens, conversando, dançando, tocando música e servindo-lhes “saqué”.

Grandes sofrimentos a esperam nesta caminhada desde que entra numa “okiya” como simples empregada até entrar no grupo de elite.

Só muito mais tarde Sayiri descobre que afinal o sucesso como Gueixa não se deve apenas à sua grande beleza e vontade de vencer, mas ao amor de um homem que ela encontrou ainda muito jovem e que também a amou a partir do dia em que a conheceu.

Na contracapa do livro pode ler-se: “É este mundo anómalo, secreto, decadente, construído sobre cenários de papel de arroz e que parece ser a manifestação da própria fantasia erótica masculina que Golden evoca com uma autenticidade notável e um lirismo requintadamente raro. Um romance sobre o desejo e a natureza indomitável do espírito humano; desafiador, cativante pela pureza da prosa, pela prodigalidade das nuances, das atmosferas, das imagens esculpidas com a precisão e subtileza da arte do bonsai.”

Uma história contada na primeira pessoa que vale a pena ler.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A honra de ser leitor

Aqui não se fazem castelos no ar, não é meus alunos? Às vezes quereis, às vezes pedinchais por vossos belos castelinhos sem nenhum alicerce, belas mofinas mendes que me saís, convencidos de que a «honra» é um «brial de escarlata». Mas não, de certeza que não é assim, meus alunos. Coisas destas também as vamos aprendendo ao ler os nossos gil vicentes e camões e vieiras e garrettes e eças e camilos e até senas e ferreiras e alegres e sophias e torgas e… e…

Ler! Ora aí está. Ora aqui está outra coisa que não vos é fácil. Como vos é difícil apreender a honorabilidade de ler! A honra de ser leitor. Quem vos dera, meus queridos alunos, que ler fosse um modo de trazer coisas recortadas que basta colar para que sejam lindas. Pois assim não é. Pois não tem a banalidade fácil de um copy-paste, esse artesanato ilusivo do saber. Tendes sonhos vãos, meus alunos. O sonho de que ler fosse olhar para a bela capa de um livro, como quando olháveis para as ilustrações dos livros da infância, e, in promptu, ficar ele recortado e colado na vossa alma. Fresquinho, recente, memorado, para que dele pudésseis falar sem medo, sem defesa, sem resistência, como se fôsseis apenas um medium. Mas não.

In: Carta de uma professora aos seus últimos alunos
(texto de Maria Almira Soares)

Manuel Cid Teles

Manuel Cid Teles
08.03.1911 -25.04.2009

Sou como sou

Sou como sou, e não me importa nada,
Que este ou aquele não goste do que eu sou.
Sei o que quero, e aonde quero vou...
A passo firme e fronte levantada!...

Amo essa mão estranha, ignorada...
Que do destino, as linhas me traçou...
E dos outros diverso me tornou
Dando-me esta alma inquieta de nortada!

Louco! Poeta! E que me importa a mim!?...
Tantos falando porque eu sou assim...
Tantos dizendo o que eu devia ser...

Sou como sou! E sinto até vaidade,
Quando posso gritar esta verdade:
Sou como sou, e assim hei-de morrer!...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O eterno ex de Olívia Goldsmith



Um romance simples e divertido!

Kate, tem 31 anos, é oriunda de Brooklyn mas vive em Manhattan, onde é terapeuta numa escola particular. Na mesma escola trabalha também um dos seus melhores amigos e confidentes: Elliot, professor de matemática e homossexual assumido.

Bina, outra grande amiga de Kate é de Brooklyn e faz parte do grupo de amigas que Kate já mantém desde os tempos de liceu. Mas Kate não quer misturar os dois mundos: até à data o grupo de Manhattan não se cruzou com o de Brooklyn. O que, porém, se alterou rapidamente, quando o pedido de noivado que Bina esperava receber do seu namorado de longa data, não se concretiza. Em vez de um pedido de noivado, Jack pede a Bina um tempo.

Completamente desolada e decepcionada, Bina procura Kate para desabafar. Esta não está em casa, mas um vizinho informa Bina, que Kate está a jantar em casa de uns amigos. Kate é apanhada totalmente desprevenida quando Bina irrompe em lágrimas pela casa de Elliot e Brice, seu companheiro.

Outra das amigas de Kate anuncia pouco tempo depois que vai casar, o que surpreende todos e todas, pois ainda há pouco tinha terminado o seu relacionamento com Billy, conhecido por muitas pessoas como o Eterno Ex.

Billy tem fama de mulherengo e de não querer assumir compromissos com nenhuma das companheiras que vai tendo. Elliot verifica que todas as mulheres com quem ele namorou e terminou o relacionamento se casam pouco tempo depois. Empolgado com esta estatística engendra um plano, no qual Bina deveria namorar e ser abandonada por Billy, para finalmente ser pedida em casamento por Jack, o seu namorado de sempre.

Porém raramente as coisas correm como planeado…

Apesar da tradução e revisão deste romance ter algumas lacunas, é um romance divertido e uma leitura descontraída para o fim-de-semana!
Leia, porque ler é um prazer!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Livro do mês: a profecia celestina de James Redfield

A profecia Celestina
James Redfield. Porto: Público Comunicação Social, 2003



O Autor


James Redfield nasceu a 19 de Março de 1950 no Alabama. Licenciou-se em sociologia na Universidade de Auburn e concluiu o Mestrado em Assistência Social em 1975.



Sinopse

Redfield é mundialmente conhecido pelos seus escritos sobre a vida espiritual e as relações entre a experiência e a dimensão sagrada do universo. A profecia Celestina, lançada em 1993, é o seu livro mais conhecido e também mais traduzido. Inspirado num antigo manuscrito peruano, este livro é um romance de iniciação à nova consciência - transcendente, espiritual - que está a emergir no mundo. Tomando como modelo, ainda que remoto, a procura do Graal, A Profecia Celestina não é apenas a história de uma aventura e de uma descoberta; é, sobretudo, um guia com o poder de reinventar as nossas percepções existenciais e de nos conduzir em direcção ao futuro com renovado optimismo e energia.

Extracto

“- Disse-te ao telefone, creio, que deixei o jornal há vários anos e fui trabalhar para uma empresa de investigação que faz pesquisa sobre as transformações culturais e demográficas, para as Nações Unidas. O meu último trabalho foi no Peru.
»Enquanto estava lá, a completar uma pesquisa, na Universidade de Lima, ouvi aqui e além rumores sobre um velho manuscrito que fora descoberto – só que ninguém conseguia dar-me o mais pequeno pormenor que fosse, nem mesmo nos departamentos de arqueologia e de antropologia. E, quando contactei o Governo sobre o assunto, negaram saber do que se tratava.
»Uma pessoa disse-me que, pelo contrário, o Governo está na realidade interessado em destrui-lo, por uma razão qualquer que desconheço. Contudo, essa pessoa também não tinha qualquer conhecimento directo do assunto.
»Conheces-me – continuou -, sabes como sou curiosa. Quando o meu trabalho terminou, decidi ficar mais um dia ou dois e ver o que conseguia descobrir. A princípio, nenhuma pista me conduziu a lado nenhum, até que um dia em que estava a almoçar num café dos arredores de Lima reparei num padre que me observava. Alguns minutos depois, veio ter comigo e admitiu que, um pouco antes, me ouvir fazer perguntas sobre o manuscrito. Não me quis dizer como se chamava, mas mostrou-se disposto a responder a todas as minhas perguntas.”

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O Hábito e o Gosto pela Leitura

Hábito e Gosto são dois conceitos que, neste contexto, podem produzir uma conexão profunda entre si, ou não.

Será que quem tem hábitos de leitura, tem obrigatoriamente o gosto e o prazer de ler?

Aplicada à leitura, a palavra hábito indica que aquela pessoa habitualmente lê. Que o faz de forma continuada. Analisemos em que contexto lê: por obrigação, porque tem que prestar provas e precisa de se preparar? Profissionalmente, porque as suas funções a obrigam à actualização de conhecimentos e por isso é obrigada a ler? Porque gosta de estar informada sobre o que se passa no mundo, no seu clube de futebol ou nas “fofoquices” sociais e então lê jornais e revistas? Ou porque gosta simplesmente de ler e para além das leituras obrigatórias e informativas, lê simplesmente como evasão, porque lhe dá prazer ler ficção, poesia?

É aqui que os dois conceitos se tocam: hábito e gosto completam-se quando se realizam todas as formas de leitura: leitura informativa / formativa e leitura literária / recreativa.

Parece-me interessante reflectir sobre os caminhos que conduzem a estes dois conceitos. Quanto ao hábito chega-se lá pela prática. Desde muito pequenas as crianças tomam contacto com a leitura. Aprendem a ler. Lêem porque precisam de estudar. Praticam a leitura em contexto escolar, daí adquirirem algum hábito. Poderemos então questionar: quando a leitura deixar de ser uma imposição escolar, ou profissional, continuará a ler?

A leitura é uma prática que passa para além da dimensão física das palavras. Ou seja, não é uma prática linear, tem uma dimensão psíquica, cognitiva que está muito para além do signo escrito. Ela toca os sentidos e transforma-se em arte.

Quando alguém lê e pode ler muito, mas lê apenas porque é necessário aprender, porque é importante estar informado, a leitura está a cumprir apenas uma função: dar significado, transmitir conhecimento.

Mas quando ler se torna uma prática indispensável e, no sentido estético, se transforma num alimento para a alma, como quando se ouve música, ou se admira uma peça de arte, essa leitura não é aquela de que falávamos anteriormente. Esta leitura desperta em nós novos estados emocionais e transporta-nos para mundos diferentes que não conhecemos, mas que passamos a habitar, porque se tornam parte integrante do nosso imaginário.

Seguindo este raciocínio, concluímos que hábito e gosto pela leitura, são dois conceitos que podem ou não coexistir. Contudo, a não coexistência fragiliza-os; se existe hábito sem gosto, facilmente se deixa de ler, o hábito vai-se perdendo e se não houver nada que o alimente, morre.

Também o gosto, se não houver hábito, terá um caminho difícil. Ler não é uma tarefa fácil, pelo contrário é uma tarefa penosa quando não se adquiriu a destreza necessária para a sua prática fluente. Logo, apenas o gosto não chega para atingir os objectivos que pretendemos quando falamos de índices de leitura. Como diz Raquel Villardi (2002) :

“Habituar o aluno a ler tem-se mostrado inócuo, insuficiente (embora desejável) para que se forme um cidadão capaz de incorporar a leitura às actividades do seu quotidiano. Isto só ocorre quando a leitura é vista não como o cumprimento de um dever, mas como um espaço privilegiado, a partir do qual tanto é possível reflectir o mundo quanto afastar-se dele, um espaço no qual é possível encontrar aquilo que a vida nos nega, quer sob a perspectiva da realidade (enquanto informação, conhecimento), quer sob a fantasia. E para que isso ocorra, para que se forme um leitor para toda a vida, o hábito só por si, não chega. Há que se desenvolver o gosto pela leitura.”

Reflectindo sobre esta problemática, podemos ensaiar o seguinte raciocínio: a leitura mecanizada produz o hábito; a leitura trabalhada para os sentidos faz nascer o gosto. A associação dos dois conceitos cria leitores para toda a vida.
Margarida Fróis

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Que futuro para o livro?

“[…] the shape of the new «knowledge media»
is still uncertain and largely undefined,
making this a time of incredible opportunity and change.”

Saunders 1993

A publicação de livros em formato digital existe desde os anos 90 do século XX, tendo vindo a desenvolver-se cada vez mais; paralelamente nascem ferramentas como, por exemplo, os e-books, pequenos computadores com o tamanho de máquinas de calcular que permitem descarregar da Internet livros digitalizados e cujo ecrã permitem uma nova forma de leitura.

A força das novas tecnologias e facilidade de publicação leva a que a produção intelectual seja cada vez maior. A internet facilita a publicação de livros pela sua condição de casa que acolhe todo o tipo de autores; por outro lado a globalidade da rede facilita o acesso.

Existem muitos autores que, voluntariamente ou por dificuldade de acesso às editoras tradicionais, encontram na Internet a possibilidade de publicar o seu trabalho. No entanto e apesar de serem cada vez mais os livros publicados em suporte electrónico, estes formatos ainda não são muito valorizados nem vulgarizados; a cultura é ainda reconhecida e tem mais visibilidade, sob a forma palpável, levando grande parte dos autores e dos leitores a optar preferencialmente pelo formato impresso. Porém, as tendências são oscilantes e existem editoras de renome com oficinas de livro virtual, e algumas revistas de grande circulação passaram a ser publicadas em formato electrónico.

De facto, a Internet alterou a indústria editorial com a possibilidade de se aceder a um livro descarregável a qualquer hora ou em qualquer parte do mundo, acessível a toda a gente, sem depender da sua reprodução em papel. Existe um pouco por todo o mundo um esforço por parte de organismos ligados à informação e cultura de transformar a Internet numa imensa biblioteca. Iniciativas como o Projecto Gutenberg ou A Biblioteca Digital Mundial disponibilizam on-line um vasto acervo documental, aproximando a informação e a cultura às pessoas. No entanto continua a ser mais fácil encontrar na internet os clássicos, cujos direitos de autor são já do domínio público, de que obras mais recentes.

Por enquanto o formato impresso sobrepõe-se ao digital. Até quando? Serão eles complementares? De um lado, a partilha do conhecimento numa rede global potencialmente gratuita, do outro, os direitos de autor e as razões económicas. No entanto, a produção de livros digitais, é para já pouco relevante. As pessoas não perderam ainda o gosto pelo papel, pelo cheiro dos livros, nem deixou de ser apreciada a sua existência física. O prazer de ler está estritamente ligado com o manusear e folhear do livro como tradicionalmente o conhecemos.

Ao longo dos tempos o livro sofreu alterações quanto ao suporte, mas identificou-se sempre como objecto material e intelectual que possui em si uma unidade. O texto electrónico revoluciona as percepções, as estruturas de suporte da cultura escrita e sobretudo as práticas de leitura. As obras, frequentemente deixam de ser vistas como um todo, a leitura facilmente passa a ser descontínua e fragmentada o que perturba esta prática e pode levar à adulteração da obra literária como criação artística.

É certo que o livro electrónico e o impresso irão coexistir durante muito tempo, tal como aconteceu com o livro manuscrito e o impresso. A questão que fica no ar, é Qual o futuro do livro? Até quando sobreviverá o livro como tradicionalmente o conhecemos?

Miriella de Vocht


Para ler mais sobre esta temática consulte: